domingo, 22 de agosto de 2010

O domingo

Abriu os olhos às duas da tarde. Treze horas depois de tê-los fechado e vivido mais do que jamais vivera.
Não olhou no relógio e não pensou no que tinha para fazer. Apenas pegou o controle remoto e começou a procurar algo para assistir que fosse tão ou mais interessante do que aqueles sonhos dos quais acabara de acordar...
Mais algumas horas se passaram e nenhuma espiadela no celular, nem no relógio ao lado da cama. Levantou-se apenas para pegar um pedaço de pizza velha que estava sobre o fogão e, no caminho até ela, percebeu as roupas jogadas no chão no quarto ao lado e corredor, e a louça suja em cima da pia. Desviou de uma ou duas roupas e pegou um prato já seco havia semanas no secador.
Os textos que precisava estudar estavam soterrados em meio àquele surto criativo, e ela nem ligava.
Escrevera uma ou duas músicas em frente à tv e então resolveu se aconchegar no corpo semi-morto ao seu lado. O calor de seu respirar a acorda e, sem nem olhar para o relógio, o celular, a tv, as roupas jogadas e a louça por lavar, elas voltam a viver aqueles momentos que nunca viveram.

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