sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Transformações

Pressão...
Meu ouvido estoura, e eu preciso mascar uns chicletes.
Sinto a pressão estalando fervorosamente dentro de mim, como bolhas de vácuo, sugando meu ar. Minha liberdade.

Minha cabeça pesa, mas não há conteúdo, há apenas o ar. Ou o nada.
Eles dois são iguais sabe... Densos, grandes, pesados, presentes.
Onipresentes.
Me enchem deles. E eu tenho paciência.
Respiro fundo. Relaxo.

Mas então a dor chega, e eu já não sei mais o que eu fiz de errado. Tudo o que eu sei é que fiz, e foi muito errado. O ar se condensa e vira água. O nada vira sal. São um casal perfeito, feitos para se unir.
Pelo menos aqui dentro de mim...
E quando estão juntos, enamorados, apaixonados, eles são um só, e eles querem sair... Enchendo meus olhos...
Entopem meu nariz, estouram nos meus ouvidos!

Mas não, eles não chegam perto da minha boca. Meus lábios estão secos, e esperam por eles. Vivos, altos, vibrantes e estridentes.
Vogais e consoantes, vírgulas, interrogações e exclamações! Elas nunca chegam, não é isso que eles querem ser.

Pois sabe, eles já foram antes. O ar e o nada. Palavras, vazias, ignoradas.

E isso não tem valor. Não aqui dentro de mim.