quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Baile de máscaras

Está tudo escuro, e um fio de luz a corta na altura dos olhos. "Eu ando pelas avenidas mal iluminadas, em pleno meio-dia, e não consigo ver as faces assustadas que param para me olhar. Eu vejo os olhares curiosos, os lábios retorcidos e as cabeças viradas, mas não posso ver seus rostos...
Por favor, você pode me ajudar?"
Corvos e porcos passam ao seu lado, rondam-na, cheiram-na.
"Vejo que os assusto mais do que eles a mim. Mas mesmo assim, não quero ficar aqui..."
Se vira para a escuridão.
"Será que algum de vocês sabe como sair daqui?"
Um tijolo amarelo cái pesado logo a sua frente.
Todos sabem que, se o caminho fosse seguir em direção à mais fantasia, ela ficaria sentada ali mesmo.
O tijolo desaparece em fumaça do próprio pó que levantou.

O farfalhar de penas e capas pára por alguns instantes. "Acho que esperam ouvir meus soluços desesperados.
A fantasia pode esperar sentada até que desapareça em poeira, como aquele tijolo. Prefiro viver aaqui nesse baile real."
Alguém bica sua cabeça. Alguém cheira seu cangote. Alguém segura sua mão. Alguém mordisca-lhe a orelha. Alguém roça em seus pés. Alguém puxa seu cabelo. Alguém a acaricia. Alguém grita.
"Dêem-me logo uma máscara também..."
O fio de luz se apagou.

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