sábado, 19 de junho de 2010

Não-Poesia do Poeta (ou da Poesia)


Tem tanta poesia na minha vida, e tanto caos rodeando-a, que não consigo senti-la como deveria...

Tem tanta poesia rodeando a minha vida que já não vejo mais a vida sem ver como deveria...



Tem tanta poesia na minha vida, que todas as palavras soam como música, que todos os pontos e dois pontos são dançarinos, e todas as interrogações e reticências são a mesma coisa...

Da mesma forma que a poesia toma parte da minha vida, minha vida toma parte da minha poesia, e a minha poesia já não é mais parte dela (a minha vida), e sim minha vida toda. E não só a minha poesia, mas a poesia do pássaro no fio, do carro na avenida, do suor alheio que sinto (ou quero sentir) no rosto são agora a poesia que torna a minha vida.
 

E toda essa poesia que traz beleza a tudo o que não é nem nunca foi, que tomou minha vida e minha vida tomou (bebeu) faz de tudo uma ilusão, como um grande deboche que me tira do real.

Então, vou vivendo nesta força (forca) mais um tempo. Comendo, bebendo e sendo poesia até que um dia ela também me consuma, como consumiu tudo o mais, e eu vire nada mais que poesia...

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