quarta-feira, 23 de junho de 2010

A boca que te come.

Ela vive do arraso, da destruição da esperança e felicidade dos outros.
De café-da-manhã, almoço, janta e ceia, feito uma princesa.

Ela precisa do produto do trabalho dos outros, sem pagar as horas desperdiçadas, as horas agoniantes, as horas infelizes que passam quando não estão com ela. Toda a matéria que você produziu, amando, construindo confiança e satisfazando. Todo aquele tempo que você deixou passar, só pra ficar com ela.
É disso tudo que ela se alimenta...
Os anos foram se passando, e com tudo aquilo que a gente lhe deu de comer, ela ficou forte e bonita. Encantando qualquer um facilmente, lindamente. Encanta, ilude, atua, consome e então despedaça.
Despedaça, dispensa e enfim joga fora a carcaça seca e sem energia.

A gente aprende isso. Dá para ver, fica estampado em seus lábios, tudo e todos aqueles que ela sugou.
Mas ela é linda. É uma sereia, que te leva para o fundo do mar antes mesmo que você perceba, viajando no colorido dos olhos dela. Quando vê, está se afogando em toda aquela cor que antes te encantara e, se você se deixar, vai continuar encantado.
Vai perder o fôlego e achar que isso é amor. Vai emburrecer e esquecer o que era.
Vai olhar para trás e achar a luz da superfície ofuscante demais para voltar.

Até que então você já não tenha mais força para continuar nadando naquele mar sem fim, atrás daqueles olhos e daqueles lábios-sábios. Vai ficando para trás, fraco, semi-vivo, e ela não voltará para te buscar... Ela ficara por perto, vendo-o se debater e usar de sua pouca força restante para encontrá-la. Durará dias, meses e até anos, quando se é inocente.
Quando se entregar e não mais lutar... Parar. Ela se despedirá, e você não a verá por tempo o suficiente para a dor se dissipar e você só lembrar daquele olhos coloridos e daqueles lábios que im dia te beijaram como nunca haviam beijado.

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