De repente um choque.
Segue um calor que dissipa do ponto negro perto de seu seio agora rubro e ela cái...
A vista já não lhe serve e ela chora.
Chora pois já não tem mais como se olhar
Já não tem mais como ver como todos a olham.
Chora pois agora já não pode mais manipular o que estivesse à sua volta, e com um piscar sensual se faz de falar: "Sou o que você quer que eu seja. Não quero te fazer mal, ou te causar alguma dor que não possa controlar. Faço o que quiseres que faça, e vou embora antes que deixe marcas permanentes."
"Me queira", ela já não pode mais dizer com os olhos
Pois eles já não mais a olharão, ou ela já não mais conduzirá as danças que se repetem a todo momento...
Agora chora, pois é só o que lhe resta.
Não vê mais e agora já nem sente mais porquê falar, se ninguém ouvirá.
Ninguém ouve alguém que pensa sem se importar em (ou poder) ver!
E tudo o que ela via eram os seus lindos fantoches, e quem sabe um futuro distante; Família pequena, diploma e arroz com feijão na mesa. Ela chega em casa depois de um dia de trabalho, pois via e pensava antes de ver, ou vice versa.
Tudo escuro, e ela não sabe desse calor que dissipa do seu seio,
E não sente porque a ponta dos seus dedos resfriam tão rapidamente, seguidos das mão, dos braços, das coxas...
Tudo escuro e ela não pode ver quão belo o momento em que suas lágrimas salgadas se misturam com o vermelho ardente que cobre agora todo seu torso e resfria seus extremos, mas não sua cabeça, ou seus olhos.
E quando todos veem, ela não sabe como veem, e suas cordas já não controlam mais cada um de seus movimentos, e eles dançam.
Dançam todos, desordenadamente, descontroladamente.
Dançam todos enquanto seus fios se emaranham e eles são puxados uns pelo outros
E os nós (ou laços) já não irão se desfazer, agora que ela não os controla mais.
Ela chora.
Assim que as lágrimas pararem, ninguém a verá mais, e ela de repente já não se importa mais.
Pois o escuro a consumira toda e ela já estava fria.
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