segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Desilusão

Outro dia, li um post de uma colega de Santos que contava como ela descobriu que amava um idiota, e que achava que isso nunca aconteceria com ela, mas aconteceu, e ele era, realmente, um idiota...
confesso: Quando li, disse o mesmo. "Isso nunca aconteceu comigo. Acho que nunca acontecerá."

Relaxei. passei a fazer as outras coisas da minha vida e, depois de alguns dias, mal lembrava do post, do idiota, ou da menina que não queria fazer papel de boba.

Tenho minhas paixões, e algumas delas se mantêm mais do que as outras, porém o padrão é o curto prazo de validade que essas têm.
Mais tarde, encontrei um caderno onde escrevia meus sonhos, para as sessões de terapia que fazia. Li apenas um; coincidentemente, falava da minha primeira grande paixão: Um garoto que estudou comigo, daqueles bem comuns. Fazia pinta de mau, todas as garotinhas eram apaixonadas por ele, mas, por dentro, ele era (quase) um amor (comigo, ao menos).
Uma das minhas melhores amigas da época era apaixonada por ele havia 8 anos, e seu melhor amigo era apaixonado por ela (uma grande putaria, que, se vivêssemos em uma sociedade menos monogâmica e preconceituosa, teria resultado numa ótima experiência entre todos, se é que me permitem dizer. rsrs). Vendo a confusão, é óbvio que nada aconteceu, e, mais óbvio ainda, em plenos 13, 14 anos, tudo o que eu sonhava e desejava era que um dia todo o universo conspirasse ao meu favor, e aquele príncipe encantado que criei em minhas ilusões me revelaria uma intensa e incontrolável paixão por mim e dalí em diante viveríamos nosso caso de amor, felizes para sempre (sabem como é o "pra sempre" dessas garotinhas, né).

Acho que esse relato de sonho ficou guardado na minha memória... Nós voltamos a nos falar, e ele, como um bom recente solteiro, me convidou para sair e despejou alguns elogios-padrão. Eu, como boa solteira, abracei a piada (digo piada, pois desde aquela paixão frustrada, me recisei a ser mais uma dessas bobas solitárias que se encantam tão facilmente) e tentei deixar claro que eu acreditava em uma amizade entre nós e nada mais.
Hoje, pude contar pelo menos uns quatro sonhos infantis e apaixonados; Acordei algumas vezes com a horrível sensação de que aquela paixãozinha boba havia reaparecido (entendam que ela nunca foi embora, foi apenas abafada pela "noção de realidade" e pessimismo que fui tornando minhas) e que, ainda hoje, sonho com a sensação do teu abraço e o cheiro do teu pescoço. Inocente mesmo, infantil. Não há beijo, sexo, unhas ou bocas...
Ele começou a namorar outra garota, parou de responder mensagens, não fala comigo pela internet e inventou desculpas esfarrapadas. Eu morri de inveja da nova garota, me irritei por não poder ser considerada uma amiga comum, sem apelos emocionais ou sexuais, tentei estudar as namoradas anteriores e a atual, para entender qual era o tipo de garota pela qual ele se apaixonava, na esperança de que eu pudesse me tornar como elas. E foi aí que me bateu: Eu sou apaixonada por um idiota.
Há 6 anos eu cultivo uma paixão que desabrocha, aflorece e morre, sempre deixando uma semente para a próxima primavera deixá-la se mostrar. Há 6 anos esse idiota está preso à parte infantil e sonhadora que existe em mim.

Eu não amo um idiota. Eu sei que não é amor, e me convenço de que, mesmo que fosse, ele não é exatamente um idiota.
Mas eu compartilho da sensação de estupidez e apego à ilusão que essa garota vive. Eu sei o que é um idiota. Mas me convenço de que há termos e condições, e, dependendo que quais eu utilizo, ele se torna algo perfeito novamente. Como há 5 anos atrás, quando a gente saía, e ele pegava em minha mão fria, entrelaçava nossos dedos, e as colocava dentro do bolso de seu casaco.

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