segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um quarto de tempo.

As paredes suam...
Aqui, tudo é atemporal; Todas as horas são uma, todos os minutos não passam.
O lugar, não importa. Começo a me repetir. São Paulo, Curitiba, Fernando de Noronha, Castelo Branco, quarto, sala, cabeça ou coração.
As paredes soam. E tudo pára.

O filme na TV fala duas línguas. Uma minha, outra silenciosa.
Outra voz fala aqui dentro; Para ganhar bilheteria... Tanto faz: fala comigo.
Lá dentro, ele fala, para mim. Não sabe o que fazer. E nem eu.
Ele fala, ela escuta. Eu escuto, mas ela não entende.
Barreira cultural para ela, e para mim, física.
Uma tela de vidro, ou uma volta ao mundo.

Estou cansada. Ele também. Mas ela não. Aprende a entender.
Quando eles chegam a um final, como deveria ser, eu não o quero. Não quero que seja assim... Sáio para não estragar o meu, quero paz, e dentro essas quatro paredes - claustrofobia - a tenho. Tem barulho, tem voz, teem coisas de verdade aqui dentro, mas é tão mágico quando as paredes suam, e a sujeira se mistura com a água.
E o toque, sem mãos, é tão gostoso!

Então eu tiro aquele final que quer tanto ser visto, deixo do lado de fora, pendurado na maçaneta.

Tudo vive, e eu não.
Parada no tempo, vendo a água circular -escorrer e morrer no escuro. Está tudo acabando, e eu não estou. Estou parada, vendo as paredes suarem e sussurrarem o que eu não quero ouvir.

Tenho que acabar, senão eu volto, e sou acabada.

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