Esta é uma lembrança que faz menção ao SR a tocar ou As miltilínguas de Syro. Eu gostaria que, assim, eu não parecesse algum tipo de stalker entre o fascinado e o obcecado, mas isto já não está sob o meu controle.
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Eu havia me esquecido do quão linda ela é... Olhei-a de relance, numa mistura incandescente de passado com presente. Presente; é. Se ela pudesse me pertencer, eu a chamaria de presente. Desenrolaria-a dos lençóis como a criança de olhos esperançosos solta o laço da fita que adorna o presente numa manhã natalina. Ou melhor, porque eu não quero colocar o cristianismo e toda a sua culpa pecaminoso no nosso futuro brilhante posterior ao presente que é ela, eu a chamaria de surpresa de aniversário. Que a cada passo do tempo também se reconformaria, novo presente, em tempo, brilhante.
Tentei congelar o relance por mais alguns instantes, presente, e percebi aqueles olhos, duas bolinhas espelhadas, aquosas, todas em tons de chocolate quente. Já disse outrora o quanto ela é quente. Tenra, morna, raio de sol, casca de canela. Cítrica, amarga, doce, densa, nas medidas mais confortáveis e aconchegantes possíveis.
Ela é uma almofada de plumas, um urso de pelúcia para jovem infanta à noite à cama, com cheiro de mãe. Olhar para ela é abraço de consolo, suspiro de filhote.
O nariz dela é uma bolinha de apertar na pontinha, e o sorriso amarelo dela é o sorriso mais verdadeiro de verdade!
As vezes eu a vejo com um feixe de luz do sol e acho injusto que deixem o sol chegar perto dela. Como quando a gente põe uma rosa, filha única que brilha arrogante e solitária, quase dominatrix ao lado de uma cheia, vistosa e primaveril buganvília. Simples, honesta, perfume e sorrisos múltiplos.
Ah! Eu sei que não a amo e sei, lamentavelmente, que ela não me ama também. Mas ela é daquele tipo maravilhoso que permite a melancolia suspirante com a mesma graciosidade que não nos deixa tristeza. Nunca ao seu lado.
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