domingo, 29 de setembro de 2013

Estranho mundano


Aprendemos que devemos temer o estranho. O estranho pode fazer mal, o estranho pode ser mal-intencionado.
Evitamos e afastamo-nos dos estranhos. No entanto, nos abrimos aos próximos.
Parcela considerada de estupros, agressões, mortes são realizados através das mentes e mãos dos, justamente, próximos.
O amigo que "só" bebeu demais, o pai que exerce coerção e opera com teu medo, a mãe que é omissa ou responde de pronto "o que VOCÊ fez para isso acontecer?", o vizinho que te aborda através de supostas simpáticas convenções do "bom dia"...

E então nos percebemos evitando o estranho e amedrontados pelos (des)conhecidos. Somos chamados de paranóicos, nos dizem que estamos "exagerando". E controlamos a nós mesmos: Naquele bar eu não vou mais. Aquela roupa eu não visto mais. Passo a andar olhando para o chão, a fim de evitar contato visual. Finjo que não ouço o "bom dia".

Eu não aceitei doces de estranhos, nem a carona ofertada de madrugada. E, mesmo assim, eu (e tantos outros) fui agredida, violentada, ofendida. E agora, José?

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