sábado, 16 de abril de 2011

Existe algo teu que está em mim (Ou desatar Nós)

São dias de desesperança. Dias de olhar pela janela do ônibus e vê-lo de mãos dadas com outra menina, a ler um livro de frente ao mar, a beber o vinho (agora sozinho) com as calças dobradas e os pés na água gelada cristalina do mar, a não trocar olhares comigo quando faz o pulso pular um tempo.

São todos os dias a relembrar e re-sentir (ressentir) aqueles dias, aquelas não-palavras, aqueles não-olhares, aqueles não-existir. Você não existia, eu dizia. Hoje eu espero todo o dia, todos os dias a gente existir.

E de repente, quatro dias atrás e eu me pego dando uma espiadela para encontrar o seu encontro, quatro dias atrás. Na gente, eu sempre estive atrasada. Hoje, foram quatro dias atrás.
Basta tentar racionalizar.
EspantarSorrirEstranharDuvidarAbrirOlharVerOlhar
ReverProcurarAcelerarConfortarConfiarAliviarDuvidarAmedrontar
AfobarDesconcentrarReverRelerSeVerTentarAgirReagir
NosVerNosProcurarNosLembrarNosSilenciar

Pergunto-me se eu estou.
São tantos outros, que tenho medo de achar que sou outros, e não eu. E não nós.
Achei que reconheceria nós, porém descubro que não conheço nós, e não poderia então reconhecer nós.
Nós são laços, Nós são atados, Nós não É(são, somos), porém Nós existe(m).

A reação foi tamanha que fez o tempo parar. Em plenas duas da manhã, a correr há dias (esses dias desesperançosos), sem espiar, sem olhar, apenas a lembrar, fez-me parar, e reacender, mesmo que por alguns instantes, até voltar a correr, e ver o tempo passar rapidamente (novamente).
Eu me vejo sem tempo para pensar. Sem tempo para reagir, sem tempo para esperar. (talvez por isso o desespero) E mesmo ao reagir, não me soa o suficiente.
Quero lembrar aqueles dias de fuga de que tanto precisei com você. Quero lembrar aquelas noites.
E me ocorre agora que abriria mão de muitas coisas que me disse interessante, para você.
Correria para descer um ponto depois do semáforo e encontrar você a me esperar. Correria hoje.
Correria agora.

Quer te levar aquele pedaço de ti que está comigo, pois ele se acanhou de tanto tempo só. Quero trocar por um novinho em folha (folha em branco), para poder alumiar os novos dias cinzas que virão, até que tempo demais se passe e você me lembre de voltar para não perdê-lo (mesmo que um pedacinho) de mim.

E nunca acharei o suficiente. E você nunca acaba, por mais que me faltem as palavras.
E espero pelo que você (me) é minha vida inteira. Mesmo com essa ausência.

Eu agradeço os nós que somos, que nos trouxemos, que não sabemos desatar.
Eu agradeço não saber desatar nós.

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