segunda-feira, 4 de abril de 2011

Calor de L. Maitan

Não assopre velas no seu aniversário.

Não acabe com a chama do que representa a tua vida.
O fogo da vela que arde pelo teu frescor.
Não combata o calor com o frio.

Aqueça-se com o tempo que arde à sua frente.
Aqueça-se da alegria, do beijo, do sorriso por trás do fogo que arde pelo seu tempo a sua frente.
Aqueça-se das chamas dos que prendem a respiração no instante em que esperam pelo teu frescor.

Não assopre velas no seu aniversário.

Assopre suspiros
Assopre gemidos

Assopre o frio e a frieza dos tempos que já passaram e perdem o calor
Assopre o frio e a frieza dos tempos que já passaram e perdem o frescor.

Assopre o ontem, mas
Aqueça o amanhã.

Não assopre velas no seu aniversário

Um comentário:

L. Maitan disse...

A vida toda é um sopro só. Não acendo velas. Geralmente são usadas para velar o que já está morto. Nada sopra a vida, nada soprou a vida. É ela o sopro. É ela quem leva, não a morte. A morte só estabelece.

Fazer aniversário não é somar o quanto já se viveu, nem subtrair o quanto se tem pra viver. Fazer aniversário é mais sutil que isso: é perceber o tempo, não de modo quantitativo, mas qualitativo.

E se se olha pra frente, não importando o que se vê ou não importando se não vê nada. Se se olha pra frente, é porque é pra lá que devemos ir.

E se é pra lá que devemos ir, é porque sempre procuramos uma temperatura que nos suporte, uma temperatura que nos seja complacente.

A gente cresce pra se aquecer.

Nunca vou esquecer desse tempo que você dedicou ao perceber que um tempo meu mudou. E esse tempo é muito mais tempo pra mim se o seu também está nele.

Vinte e três anos mais todo o calor que me deram. Não cabe a mim apagar esse gesto.

Um beijo