terça-feira, 5 de abril de 2011

De uma semana

Um diário de uma semana é um semanário?
De um mês não pode ser mesário...

Tive dias importantes nas semanas mais recentes.
Senti-me abater por uma frustração forte e ao desabar perceber que é isso mesmo; Infelicidade, desesperança, sofrimento. Eis que se chama vida.
Conseqüência de uma vida em sociedade. Conseqüência de uma lógica genial, de um animal auto-suficiente, o polvo capitalsita e seus tentáculos avassaladores (é, eu lembrei do clipe do "Sou Foda").

Dessa frustração, um choro infantil, inconsolável. Dessa inconsolabilidade, a realidade: procurar a felicidade nos pequenos agoras, que já me motivavam antes mesmo da reflexão mais profunda. Os sorrisos rápidos em confronto com a boca seca da amargura cotidiana.
Desse abatimento, um olhar mais atento às reproduções de ideiais, ou raciocínios, ou mesmo práticas abomináveis. E uma empatia pouco maior (quem sabe mais constante).

Não se pode tirar férias da vida.
Assisti a um filme "O Amor não tira férias" e me consolei com o fato de que, apesar de não tirar férias, não acomete os apaixonados pelos agoras. Acomente os ansiosos pelo amanhã, os temerosos da solidão inevitável.
A vida, porém, não discrimina por cor, etnia, religiosidade. A vida está aí; Cheia de prazos para nos fazer correr para cumprir, cheia de opções, deveres e tarefas para nos fazer negligenciar amizades, amores e bons momentos para ter de estudar, trabalhar, trazer pão à mesa, tirar do vermelho a conta no banco, pagar a prestação da televisão, ter condições de receber os amigos em casa ou sentar em uma mesa de bar e ficar a tôa, ou saber fazer bem o que se gosta.
A gente vive assim, na correria. e se não está na correria, não está vivendo direito.
A vida não está aí pra gente brincar, a vida não está aí pra gente vê-la passar por detrás da tela de vidro (ou lcd agora né rs) com intervalos de 15 minutos entre cenas.

Os amigos estão aí. Sempre estarão. Aos montes.
Dispostos a trocar fofocas, debates política, BBB, novela, conjuntura nacional, plano de governo, receita de torta e a trepada da noite anterior.
Os amigos estão aí para ouvi-lo falar as besteiras que perde tempo fazendo. Os amigos estão aí para perder tempo com você.
Mas os amigos não estão aí para visitar-te se você for internada por tempo indeterminado - eles virão por semanas, então algumas vezes ao mês, então em uma data comemorativa, e terão problemas demais em suas vidas para perder aquele tempo com você).
Mas os amigos não vão perder tempo sentando-se ao seu lado no emissário, em silêncio, vendo o sol se pôr.

Os amigos despertam a intensidade na gente, mas se, eles mesmos, já não sentirem essa intensidade (conosco e consigo), não perderão mais seus tempo conosco.
Os amigos esperam de nós o que falta neles ou para eles. E se estão felizes, amando e comendo, não precisam de nós quando já não sentem mais (e/ou se acostumaram com) a boca seca do cotidiano.

E eu lembrei que eu sou pra mim.
A gente vive pra gente e não pros outros.

Eu não preciso terminar.
Tanta coisa já tem data de validade. Tanta coisa tem prazo para expirar.
Depois de expirar a gente inspira, e eu não ligo de não terminar para poder (me) inspirar novamente. A vida é mais do que um nascer e morrer nas mãos de qualquer um.
E quem seria eu para determinar o fim de qualquer coisa?!

Lassez faire, Let it be and let it roll....

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