Sobre a vida

Conheço algo que não vive, nem sobrevive.
Se houvesse categorias, estaria sob a vida... Assim como as vezes nos sentimos flutuando, ou sobrevoando. Sobre a vida.
Esse algo não vai a lugar algum. Não leva a lugar algum. Nem sobre nem sob lugar algum... Não está em lugar algum, mas é sobre: Algum lugar, alguma coisa, alguma pessoa.

E de repente eu cheguei onde eu queria, ou me assustava de que chegaria. Não me levaram, nem sobrevoei.
Devo ter caído, ou ficado para trás...
Consegue ver onde eu estou? Tem paredes firmes ao meu redor, e tenho quase certeza de que fui eu mesma que as construí, mas não consigo me lembrar direito. Esse lugar não me deixa pensar sobre nada.
Não tem um teto sobre minha cabeça, nem um chão sob meus pés; eu não me sinto completamente viva, mas com certeza não estou morta. Não me parece 7 pés terra abaixo.

Conhecendo-o como o conheço (já nos encontramos diversas vezes, mas sempre acabo por esquecer da existência dele quando reaprendo a voar), sei que ele já me ensinou diversas lições, sobre a vida. Mas como nem ele, nem ela nunca me levam a lugar algum - apenas eu mesma -, eu acabo por me esquecer de tudo, e só consigo ver ela.
Ela mesma já mudou várias vezes... Já foi pequena, grande, carinhosa, louca, forte, brava, ignorante, artista, fumante, machista, realista, louca de pedra, morena, ruiva, negra e esquisita. E todas elas ficam comigo sempre que me fecho aqui. Pelo menos até que eu veja uma outra ela que me faz querer voar novamente.

E o tempo passa sempre que sáio. A vida muda completamente quando me vejo longe desse algo. Ele é meu forte seguro, e é a única coisa que não me decepciona, ou muda.
Me sinto presa, mas não quero sair nunca mais.
O passado é meu melhor amigo, e nunca deixarei de lamentá-lo, assim como ele nunca deixará de me confortar.