Ele está preso.
Já se passaram dias, e o quarto escuro não parece maior, mas pelo menos as paredes não parecem como deveriam parecer, depois de todo esse tempo; Como vácuo sugando toda sua energia e oxigênio. O quarto não parece menor, e as paredes continuam as mesmas.
Já se passaram dias, e suas mãos já não sentem mais como deveriam sentir, e os dedos já não tocam como deveriam tocar.
Pensando bem, já se foi tanto tempo, e tantas vezes que os olhos se fecharam e abriram, que o coração já não bate mais desuniformemente, e nada mais acontece, que é de se duvidar que já se passaram tantos dias, e que são dias aqueles momentos que ele contava.
Se o dia se caracteriza pela luz, e a noite pela falta dela, então não se passou nenhum único dia.
No entanto ele sentia que havia passado muitos dias desde que começara a contar. Importava. Contava.
Portava contos.
Coisas que não contavam nada, nem com ninguém. Não podia, não havia ninguém!
Havia ele, mais ninguém havia.
De que servia um conto, se não havia quem contar?
Um conto, um ponto.
Dois conto, desconta
Três conto, sem cantos, desencanta.
De repente, não há nada de novo. Nem ninguém. E os contos não valem nem um conto.
E os dedos que já não sabem mais como tocar aos poucos perdem uma ou outra palavra, e então a escuridão se torna melhor amiga do silêncio, e sobra só o desencanto e ele. E mais ninguém.
Jogado num canto.
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