segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Santidades



Os cara vira lenda. Me poupa! Faz um monte de merda, acerta uma ou outra. Dá um sorriso aqui e uma esmola ali. Dá uma surra pedagógica vez em nunca, nas outras só apanha e corre. Apanha e corre. Daí um dia não consegue correr o suficiente e morre.

Daí vira santo. Ora. Fica matando os deuses de todo o mundo, não podia ser mais humano, sái cagando pela boca e às vezes sabe o que fala, menos ainda sabe e fala os bang de verdade, daí os cara só quer saber de lembrar disso. Bota num santuário e de repente aquele puto humano vira entidade, porque a gente só sabe respeitar santo. Fala que é da vida (vida loka), mas a vida não é louca até que a gente perceba a humanidade na loucura, então fica com medo e toma um remedinho, tira um ronco e fica de molho em casa, no chamego dos cara, comendo arroz com purê de batata. A vida é louca quando a gente cria santos, cara. Quando a gente quer ver só um lado da moeda, daí fica sofrendo porque não consegue lidar com as coisas que dão valor pros sorrisos.
A vida, vida mesma, não pode ter esses caras tornados santos, é um puta dum cinismo fazer isso com os cara. Especialmente esses todos errados que nem a gente, humanos como todo o resto da humanidade, mesmo aqueles que fogem pros seus santos. A gente, que é filho da puta, aquela mãe de todos os errados que somos, mãe que pode dar pra todo mundo que não tem, não pode negar a nossa raça. E filho da puta não tem santo.
Os caras morrem, e a gente não pode fazer santo. Faz exu caveira, que é ferrado e fudido e aprendeu com o mundo louco. Faz exu caveira, que assusta quem gosta de santo, mas entende quem é filho da puta, que nem nóis e eles.

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