Geralmente começa com a detecção do desajustamento dos
braços e das mãos que perderam sua normal. Eles podem ser dispostos no colo do
objeto aqui percebido, no encosto da cadeira onde ele se encontra ou segurando
um cigarro que foi aceso na tentativa de dar novo sentido ao que se tornara
completamente e absurdamente estranho, de repente. O cigarro, por sua vez
quando acaba não pode ser substituído por um novo, dado que agora a garganta se
tornara seca em detrimento de tragadas intensamente carregadas do desespero do
corpo desajustado procurando ser sanado do tal objeto referido. A fala, agora
acometida pela secura da garganta, começa a ter sua necessidade repensada e a
espontaneidade que já ameaçada agora por completo já se fora. Todo o fluxo de
movimento e existência está totalmente permeado pelo raciocínio paranoide
insustentavelmente dominador.
Quando novamente se apercebe, tendo retornado do estado
hipnótico resultado do devaneio a respeito do desconforto, os dedos percorrem
os fios de cabelo perturbadamente. Neuróticos, eles se concentram na tarefa de
encontrar os fios que se apresentam também desajustados, numa necessidade de
aniquilação para um suposto conforto e retorno a alguma normalidade que tanto
não justifica o ato quanto não é passível de ser alcançada, nem desta forma nem
com nenhuma outra estratégia que o mesmo pode encontrar.
A frustração, agora acometendo quase que completamente todo
o fio do raciocínio consciente ou simbolizado, dada todas as ocorrências
citadas, se direciona a novos condutores, afim sempre de se manter, na ilusão
de ser esvaída através de um ou outro comportamento corretivo e torna-se uma
entidade maior do que somente parte do objeto. Mistificada, agora de uma
potência antes inimaginável e, se antes incontrolável no corpo do observado, já
não mais poderia ser suprimida ou aliviada. Torna-se ela um milhão de
pequeninas formigas que percorrem e aferroam-lhe num delírio nunca comprovável,
não importando o esforço dos olhos de detectá-las (desmistificá-las) ou do
raciocínio de espantá-las. A sensação do comportamento execrável pelos que ao
seu redor ou encontram-se em relação com o objeto em intensa efervescência
neurótica soma-se à conta maligna, transmutando os insetos terrenos em tantos
outros já nem mais identificáveis, tão estranhos e rápidos que aparecem,
transitam e desaparecem da superfície do corpo. Como numa linha pouco nítida
que divide o mundo caótico e monstruoso se agigantando interno e o mundo sempre
diferente e “inarmonizável”, os insetos estão ali para trazer à tona os
monstros que habitam sem forma o mundo ideal do objeto observado, dificultando
a capacidade do mesmo em distinguir o lúcido material dos monstros
imensuráveis.
O que resta ao mundo além da loucura social conjugada?
Nenhum comentário:
Postar um comentário