terça-feira, 14 de agosto de 2012

Auto-piedade

É bem deprimente você não falar com seu pai, apesar de ter bastante saudade dele.
Meu pai é alcoólatra. Já fez algumas besteiras. Duas frases idiotas que ele adora repetir, em todas as suas variações de organização, escolha de palavras e ressentimento são:

1- Eu sou assim e as pessoas têm que me aceitar como sou. Eu não vou mudar nem por ninguém nem por nada!
e 2- Deus adora pôr um pau bem grande, enorme, duro, na minha bunda e me ver sofrer, assim! (e, infelizmente, faz toda a atuação e mímica para que a idéia fixe bem na nossa cabeça).
Quando eu vou enfim vê-lo, sinto-me rebaixada e não-apreciada. Se é que dá pra entender. Ele nunca demonstra dar valor pelo o que a gente faz por ele. Ele é um pobre-coitado que só se dá mal na vida e ninguém está nem aí pra ele. Veja bem, não é que façamos grandes peripécias por ele. Mas o esforço mínimo de aturar suas cenas de suposto suicídio, seus discursos de auto-piedade e seu choro amargurado de garoto mimado que ganhou o brinquedo amarelo ao invés do azul que ele queria.
Sempre o achei um desgraçado sortudo. Daqueles que consegue apoveitar até o caroço qualquer oportunidade que apareça na frente dele. Claro, talvez não apareçam tantas oportunidades, mas dá pra sacar. E é engraçado como nossas visões (a minha e a dele) são opostas, né?!

É bem triste você não poder se relacionar com seu pai, apesar de gostar bastante dele.
Esta é uma postagem cheinha de auto-piedade. Percebeu? Eu falei da mania dele de auto-piedade pra justificar a minha própria por não ter uma relação família-perfeita com ele...

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