quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Retrato

Eu poderia casar com a imagem de você.


Eu posso me ver, alí. Com um sorriso sincero, nem tão ingênuo assim. Meu vestido branco reluzente ao meio-sol que não se vê, mas se sabe estar ali ao canto, insinuante.
Eu posso ver seu rosto tímido. O olhar de cumplicidade. Eu me vejo igualzinha a você, e você nos vê quase opostos.
Isso não importa. Quando se apaga a luz, não é o olhar, não é o sorriso, não é o vestido branco.
Não é a imagem, mas sim as mãos, o toque, o sabor e o cheiro.

Não preciso me casar. Desde que as mãos ainda procurem pelo meu corpo. Que o toque arrepie, que o sabor se mantenha e o cheiro (nos) denuncie.

Se eu me casasse com a imagem de você. Eu estaria de branco, com um sorriso sincero não tão ingênuo e você teria o rosto tímido.
Eu prefiro aquela minha camiseta de tecido leve, através da qual pode-se ver um pouco do que não se pode geramente, a cueca do batman, insinuante da masculinidade pouco latente, mas suficiente para se imaginar onde está e quando aparecerá. Prefiro ver-te sem camisa, passar os dedos levemente na recém desenhada concha que salta de sua pele, e roçar meu queixo na sua barba por fazer.

Eu poderia casar com a imagem de você.
Mas não quero.

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