terça-feira, 26 de julho de 2011

Um campo existe (Lins)


     (existe) Um campo.
     Alí há grama verde, o vento silencioso, as folhas secas de eras passadas. As andorinhas sobrevoam, sagazes, pequeninas e, de tão pequeninas, quase insignificantes.
     Mas ali sobrevoam. Significantes o suficiente para poderem ser, quase, insignificantes.

     O campo se move, para a direita, para a esquerda, dois graus a mais para o outro lado, outros tantos para a outra direção. Um relógio parece direcioná-lo, verdejante, para o passar do tempo, também, quase insignificante.
     No horizonte visível, uma forma sem nome se formou sem grama.
     Alí repousa uma roseira.

     No meio do campo verde, agora, há uma roseira também verde, envolta por uma forma sem nome e sem verde.
     À sua direita um par de sapatos, de cadarços soltos, de todas as cores (branco) foi perfeitamente alinhado a algo que não se pode ver. Parecem dois olhos virados, desdenhosos à roseira. Mais; (dois olhos virados, desdenhosos) à única rosa que poderia ser(estar) imponente, no topo do último galho da roseira no meio do campo verde, se não fosse o par de sapatos a desdenhá-la. Rosa, vermelha.

     Rosa.
     Vermelha.

     Quase imponente rosa vermelha que se põe no último galho da roseira também verde, envolta por uma forma sem nome e sem verde, no meio do campo verde que se move para a direita, para a esquerda, alguns graus para um e outro lado.
     Uma única rosa vermelha no topo do último galho da uma roseira verde.

     Rosa vermelha no topo de uma roseira verde.

     Tudo se quebra.
     O silêncio, o tempo, a rosa vermelha, o topo, o movimento, o campo verde e os olhos virados...

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