domingo, 31 de julho de 2011

Daqueles cachos

Você é linda...

A gente, que não tinha se visto (mentira), se viu.
Tanta semelhança, e uma certa descrença. A gente se ouviu. Se trocou. Se complementou.
Tanta coisa, e então a gente se calou.

Um corpo se aproxima e o peito sente algo bater forte. Teias que seguravam as coisas tão estagnadas se rompem e o sangue volta a pulsar, por alguns instantes.
Outro corpo se aproxima e a respiração se coordena. Se aproxima.

Se aproxima.
O peito bate de forma que o cérebro não pode funcionar. Se deixou levar por ele. (ele, e não o coração)
Ele disse-lhe que pegasse sua mão e compartilhasse desse palpitar forte, e ela assim o fez.

Lembrou-se rapidamente. Como se não houvesse mesmo tempo.
A cena era de seu amigo dizendo-lhe algo como "permita-se". A pergunta era: Permitir o quê?

Permitiu seu nariz tocar no outro. Seu ar quente encontrar com o ar quente dele.
Permitiu sua mão pegar a mão dele.
Permitiu o toque de lábios.

Todas elas, permissivas. Todas.
Algumas mais violentas e outras mais temerosas. Ele nos conquistou.
Seu olhar e sua atitude, à todas, convenceu.
Vocês são lindas...

O jazz tocou, a gaita solou, os corpos acompanharam aos ritmos.
Ele era o baixo, ela era o trompete, a gaita, a guitarra chorosa.

Ela o permitiu
Ele partiu.

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