Devaneio n°48
Um anarquista que se surpreende que eu seja comunista. Uma casa-mansão em Goiânia a preço de beringela (bananas estão tão caras!). O preço da comida. O preço do trabalho. O preço do emprego. Um estar presente ausente. Milhares de pontinhos verde-amarelo enquanto estou na cozinha de goianos estranhos gentis do tipo "sensatos e de bom coração mas sem valores a-i morais". Eu sinto dor, mas não há toque pelas minhas mãos ou ideias, possível. Sinto amor por aqui e ali. Amor novo novíssimo se reconfigurando. Os meus velhos estão (quase que posmodernamente rs) novos de novo, quiçá sempre...
Que talvez seja preciso mesmo se fortalecer se quebrando. Ter algo como uma luz (nao aquela branca, pura, quem sabe multicolor, vermelha e ou negra) dentro de mim, para me propôr a iluminar as coisas ou as pessoas ou as pessoas e as coisas, comigo...
Eu sigo pelos lugares ainda sem saber. Nada de nada. Tenho mais raiva da Cidade, essa, entidade divina e pagã ao mesmo tempo. A mãe de um sentimento só nosso, (sub) urbano, que me toca assim que brilha, revoltoso. Eu vejo meus privilégios e as outras coisas que estão fora das minhas mãos. Eu (des)aprendo algo todo dia, dura e belamente, e tenho medo de só estar. De parar, ter um (i)móvel, não me mobilizar.
Eu quero encontrar os amores. Eu quero passar pelas coisas amáveis, assim, simplesmente. Eu quero tantas coisas que estão es-correndo! Eu quero continuar querendo mesmo (des)sabendo que querer nao é poder. Conhecimento também não é poder. Poder é poder. Jogar teia pelos pulsos e voar pelos arranha-céus é poder. Tirar uma vida é poder. Talvez uma coroa seja poder. Talvez uma arma de fogo sem registro seja poder.
Talvez acreditar seja um poder (de) bobo.
De omnibus dubitandum. Inclusive da máxima. Paradoxos infernais...
É isso que está na minha mente. Pamonha goiana também. A criança que chegará. O tempo. Neurônios morrendo. Hormônios. A chuva e a água. A roupa para lavar. O prazer. O passado (a saudade), o futuro (devaneio)...
Nenhum comentário:
Postar um comentário