quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quero estar.


Fico querendo pausar, Colocar em suspensão tudo o que é esta vida, vida medíocre, vida bandida, e deixar planando em espaço incontinuum, paralelo a mim.
Deixar-me localizada em lugar-nenhum real. Sem a des-existência ou não-vida.
Fico querendo, em momentos hoje, ontem e amanhã. Sempre e atemporalmente. Fico, quero. Quero ficando, querendo ficar, ficar querendo, fincando querer. Deixar ali, longe, perto para buscar pedaço daqui e dali, suspensos que se aproximando vão, vêm.
No entanto, ficando, ficante, querendo, querente, permaneço. Aqui ou ali, mas nunca paralelo como fico querendo. Vou indo no ficar, vou ficando no querendo, sem ir, indo. Sem pausar, seguir. Deixando cair pedaços que não consigo me segurar em meu corpo, perdendo coisa pertinente pelos arredores, deixando peças centrais do maquinário funcional pouco funcionante. Relógico que perdeu logo o pino para se acertar, ficam os ponteiros seguindo para frente e para trás, se deslocando de seu eixo para um ou outro lado, e suas ferragens e seu mecanismo perdendo-se sem nunca deixar de ser relógio (e essência ou estética?), mesmo sem a realização de sua função para a qual passou a existir, e ainda existe. Apenas ficando, passando, tempo, hora, lugar, coisa, estância, estagnância.

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