terça-feira, 15 de maio de 2012

Nós num não


Eu não fui te ver. Eu não sei te dizer nada a respeito disso; não sei justificar - se foi pela falta de dinheiro, mas se bem que eu poderia ter tentado arranjá-lo, e conseguiria. Se foi pela distância, mas eu poderia ter pego o metrô, facilmente, e parado na porta porque não tinha dinheiro para entrar, mas fui para te ver. Se foi as companhias, mas eu me cansei delas em dado momento, como já esperava, como aconteceu. Se foi porque não consigo te ver, mas eu sei que iria gostar quando o visse.
Eu não fui te ver. Eu não sei dizer se queria ir - se sentiria o peito bater rápido, se teria aquela náusea que chamam de borboletas, se sorriria pelo novo ou temporário 'nós', se nada disso aconteceria, se seria decepcionante, se seria aquele 'oi, e aí?' de quem não se conhece ou não se interessa mais.
Eu não fui te ver. Mas também, você não foi me ver. Você não viajou para vir à minha casa mais de uma vez. Você não foi à pizzaria da esquina da minha casa, não entrou num ônibus que te dá claustrofobia, não desmarcou encontros e inventou uma história pra quem você não queria (ou não achava necessário) que soubesse sobre onde e ao encontro de quem você estava indo. Você não fez concessões que te levaram à farmácia nos dias seguintes. Também, você não me perguntou onde eu estaria. Não quis saber que eu também estava programada em alguma parte do evento.
Eu não te procurei. Não te inundei dos meus eus que me dão orgulho, das minhas realizações excitantes, das minhas novidades que queria te ver ouvir sorrindo.

Eu não te procurei. Eu não sei te dizer muito a respeito disso. Agora, hoje, agorinha mesmo (e não posso saber daqui a pouco ou mais tarde), eu sei só de uma amargurinha mesmo.
Eu não fui te ver, eu não te procurei, mas pensando bem mesmo, não sou eu que te deixo. Não sou eu que te boto pra viver a vida além de nós. Não sou eu que me faço esperar o momento de procurá-lo.
Quer dizer, não que eu queira algo que não seja isso. Mas entenda: eu também não quis isso. Não pude escolher ter de ir te ver. Não pude escolher esperar quando você quer lembrar de mim, quando é permitido eu lembrar de você...

Talvez eu queira ir vê-lo quando eu quiser vê-lo. Não parece simples?! Não é. Não o quero diferente do que você se quer para mim e para o mundo. Como você se deixa ser, como você se vê estar - não entenda que te quero como antes, ou como nunca tive e poderia (ou não) ter. Entenda somente o que eu entendo: Eu não fui te ver. E não sei te dizer nada a respeito disso; Não sei justificar, não sei se seria estranho, se eu iria gostar ou se eu conseguiria ou não. Não sei dizer se não queria mesmo ir ou se fiz birra.
O fato é que eu não fui te ver, e você também não foi (vai) me ver.

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