domingo, 26 de fevereiro de 2012

Transgressor

"(...) - Se pudesse infeccionar todos com lepra ou sífilis com que prazer o faria! Tudo que servisse para apodrecer, debilitar, minar!

- Empolgado, mas ainda um pouco desconfiado, Winston continuou:
- Mas até com os membros do partido interno?
- Não! Com aqueles porcos, não. Mas há uma porção que gostaria se tivesse oportunidade.
Winston puxou-a para baixo e a fez ajoelhar a sua frente:
- Escuta! Quantos mais homens tiver, mais te quero. Compreende!?
- Perfeitamente. – Afirmou Júlia, acenando com a cabeça.
- Odeio a pureza, odeio a virtude. Quero que todos sejam corruptos até os ossos.
- Então eu sirvo querido! Pois sou corrupta até os ossos.
- Gosta de fazer isso? Não me refiro a mim, somente. Gosta da coisa em si?
- Adoro! – E era o que acima de tudo, Winston desejava ouvir. Não somente o amor de uma pessoa, mas o instinto animal, o desejo simples, indiscriminado; parecia um tipo de força que faria o Partido desabar. Quase com a mesma ligeireza, ela tirou a roupa, e quando a atirou para um lado foi com o mesmo gesto magnífico que parecia aniquilar toda a civilização.”


Parte de diálogo entre Winston e Júlia, amantes criminosos da (não-tão)ficção de G. Orwell.

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