sábado, 15 de junho de 2013

Cansamento (ou O Conto do Boto e da Para Sempre Donzela).

Há tempos que eu ensaio esta postagem. A ideia de anonimato meio que se perdeu nesse lugar e eu tenho medo de quem pode ver-me frágil desta forma. Mais uma vez.
No dia-a-dia eu me apresento (me apresento? sinto-me) cada vez menor e menor e menor. E meu pescoço puxa os músculos toda vez que levanto os olhos e arrisco deixar ereta a postura. Não consigo sentir-me confortável na presença de desconhecidos e a vontade de beber e me drogar é grande. Me drogar muito. Deitar na cama do surreal e viajar por campos para-além-mar.
Para meu azar minha loucura é contida. E eu não o faço pois não tenho coragem, pois não encontro lugar onde me sinta confortável suficiente ou desconfortável suficiente para tal procedência...
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Ele pediu para que eu baixasse a guarda, me dizendo que tudo ficaria bem. Me disse que não me queria mal e eu só pude acreditar. Desarmei-me, larguei meu escudo. Tirei o amuleto até com pouca relutância.

Ele olhou-me sedento, aproximou-se, tocou minhas mãos frias, passou seus longos e fortes braços em volta do meu pequeno e pouco resistente torso, acariciou meus peitos e disse-me que eu era linda.
Seus dedos tocavam minha pele e ele se arrepiava. Seus lábios tocavam minha face e ele gemia. Ele ainda olhava-me sedento.

Sentia sua respiração forte. Meu coração palpitava e minhas pernas começaram a tremer. Meu corpo já não reagia aos meus impulsos. Que impulsos?

Ele foi interrompido. Pisquei meus olhos, me dei conta de mim. Uma porta foi aberta, um grito ecoa, passos subindo as escadas, uma tomada de consciência e potência.
Me dei conta dele.

Franzi a testa, olhei com desgosto. Chorei. Quis bater. Virei as costas e deixei-lhe só. Impune. Quis vingança. Dos que cheguei a saber, não consigo mais pronunciar seus nomes. A maioria deles chamo "só" de ele.

Muitos outros se pareceram com ele. Vi-os fazendo um algo aqui ou ali similar e confundi-os. Com o tempo, intercalei agressividade defensiva e confiança irrestrita e injustificável.

É muito difícil lidar com o sentimento de impotência. A vontade de pegar esses sentimentos e confrontá-los, mas não conseguir. Ouvir pouco apoio quando justamente você deseja-o. Um pouco de paciência com alguém que não sabe lidar com os traumas. Lógico que sei o quão chato é alguém que se vitimiza e não se empodera de "volta". Mas será que alguém parou pra pensar que não é escolha se sentir mal assim?

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