sábado, 16 de fevereiro de 2013

Show


Sou um gozador. Palhaço de mim para mim mesmo.
Me situo num paço com palco, adentro, acentro  e rio-me. Minha platéia são espelhos envolvidos pelas paredes em meia-lua. Da tragicomédia vivo bem. Tiro morada, alimento e gozo. Tiro lágrima com sorriso patético.
De todos os ângulos, aqui e acolá, uma sabotagem um passo a esquerda, um absurdo um passo a direita. amarro meus cadarços, seguro os pés juntos e abro espacate. Assisto ao espetáculo de todos os meus olhos na arquibancada.
Ouço a gargalhada dentro de mim antes do primeiro ato, enquanto choro nos bastidores.

Além de mim, não há ninguém na platéia. Geralmente.
Outro dia apareceu uma menina. Caprichosa, fantástica, e meio sedutora. Já tinha visto-a em sonho. Ela tá ali no assento F13. Vejo-a no reflexo e através daquele espelho. Olha-me sem rir. Piedosa. Como me encanta e me destrói! Debocha ao não gargalhar juntos comigo. Irrita-me!
Expulsei-a. Não quero outros olhos ou outros (não-)risos. Que pretensiosa...

Nenhum comentário: