domingo, 8 de maio de 2011

Sobriedade (I)

Este foi o primeiro choque, dada tamanha sobriedade.

Lembro-me claramente de tê-la bebido por anos.
E tê-la bebido após outro ano sem bebê-la. Bebi-a por uma madrugada e um dia inteiros.
Quando encontrei-a, podia chamar-me de viciada.
Estava em estado de êxtase, ansiedade, medo, alívio e um certo desespero.
Ao encontrá-la, já havia bebido-a demais, e poderia dizer que, se eu não estava sóbria, não era o que esperava da minha droga.

No entanto, você estava completamente sóbria.
O que faço com este choque?
Passei momentos após o fim tentando digerí-la e você não pôde me descer. Mas também não consegui regurgitá-la em lágrimas, ou gorfos, ou cuspes, ou gritos ou palavras. Nem mesmo palavras!
Tirei-a da minha garganta, mas será que vou conseguir parar de bebê-la?
Talvez prefira os estados de loucura à sobriedade. Pelo menos assim ainda sinto seu abraço.
Mas você me parecia sóbria e eu não aguento ouvi-la dizer o que me disse.

Aa pedras ao chão e a corrente arrebentadas talvez nos (me) digam algo valioso, e nós não demos valor, quase jogamos de volta ao chão da avenida.


Estou cansada de algo que não me cansou, estou com dor de cabeça onde não serve como cabeça, e procuro uma outra droga pra me consumir...

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