domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ingsoc


- Escuta! Quantos mais homens tiver, mais te quero. Compreende!?
- Perfeitamente. – Afirmou Júlia, acenando com a cabeça.
- Odeio a pureza, odeio a virtude. Quero que todos sejam corruptos até os ossos.
(i)

Posso ouvir as engrenagens funcionando. São amores e paixões criminosas. Cínicas, furiosas, cheias de veneno e sabor.
Ah! Sabor. A vingança, pequena que seja, é saborosíssima! Regorjizante.
Se tem um mundo de razões. Cabeças rolantes e flutuantes num mar de ópio inebriante. Se tem uma selva de risos nojentos e raciocínios ilógicos.
Vejo uma massa massante, e apenas dois (talvez mais, onde estariam?) amantes trabalhando numa pequena máquina subversiva e subversora. Incessante e ritimadamente. Sinto o prazer perigoso da transgressão, passando os olhos pelos mínimos detalhes, a fim de não esquecer um único instante.
Naturalmente, a idéia da corrupção promíscua, delirante, orgásmica, me cái muito bem, e mergulho num delírio anti-manicomial, desinstitucionalizado por mais algum tempo sem medida.

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