O Ente Consciente

Eu sou um tufão. Como uma alegoria carnavalesca, confetes, purpurina, plumas e brilhos. Estouros metálicos, sustos, confusão inebriante. Balançando as estruturas do que toca, o tufão uma hora encontra uma força de contenção maior do que ele mesmo (mesmo que seja a força do nada, que não é repressor como uma força bruta) e toda sua mágica cai por terra. Nunca sei o que sobra depois disso.
 (21 de novembro de 2013)

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Acho que sou um tanto melancólico.
Antologia de mim mesmo, adulo e anulo numa constância orgânica que só pode se manifestar em matéria fresca com energia química sob a ação do tempo.

Sou, talvez, um pouco de alguma coisa que em banzo torna canto tudo o que é e, assim, deixará de ser.
Acho que sou demasiado melancólico...

Acho que sou um tanto de eu-intenso e muito de qualquer outro-pouco.
Devo ser um algo além de mim, mais pro lado do que demais ou de menos. Que é outra coisa separada de eu mesmo, e exatamente por isso não pode ser outro que não eu.

Quiçá melancolia seja eu.
Que acho o que sou no que não sou. Posso ter descoberto o para-além-de-mim, dentro da idéia ou corpo que penso ser.
(17 de junho de 2012)

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Ando esvaziada de mim.
Ando com os pés sem tocar no chão, pois os pés não têm eu.

Então, consciente, pra não sumir, encho-me de tis e tus.
Se inconsciente, torno-me inconsistente.

Toda vez que vocês, dentro de mim, pedirem pra não refletir eu, me perderei um pouco
Toda vez, todo dia, todo momento. Consciente.

Até que, em tristeza, desapareça.
(28 de maio de 2011)

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O nome é Flavia.
Importante ressaltar que é Flavia, e não Flávia.

Outra coisa; é Flavia Peres com S, Lopes com S.
Parece até nome inteiro, assim, de certidão, de tanto que falei. A brincadeira é que, se fosse carioca, isso nunca seria um problema: seria Flavia Perex Lopex, e todos compreenderiam um S com som de X, sem precisar dizer "Com S e não com Z".
(Se fosse no Japão, seria: Furabia Peresu Ropesu. Menos problemas ainda. Ainda que essa Furabia talvez não fosse a mesma Flavia que aqui se pronuncia.)

Tudo isso que serve pra descrever não serve, realmente. o que é real não pode ser escrito, muito menos descrito. Nunca pude colocar pra fora um lágrima, um soluço ou um grito, sem que fosse com uma lágrima, um soluço ou um grito. Logo, não posso colocar para vocês a Flavia Peres Lopes, sem que seja com Flavia Peres Lopes (e, com certeza, ela - ou eu - não é apenas palavras ou explicações ou descrições).
(29 de outubro de 2010)

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Chama-se Flavia Peres Lopes.
Não conta idade, não conta cidade. Não acredita em lealdade ou fidelidade, nem tem signo ou cor.
Não está certa nem errada. (Talvez meio desvairada)
Não tem começo ou meio ou fim. Mas não porque nunca acaba, mas porque talvez nunca tenha começado, enfim...

Tem como objetivo maior Ser. Os outros objetivos são passageiros, ou momentâneos. Para isso, se faz do desenho, da foto, do rabisco, das palavras, das leituras, dos sons e das sensações.
Depois que faz, se questiona. Sempre.
Seu maior espelho é a insegurança e a inveja.
Seu maior questionamento (ou movimento) é a aparência.

Em meio a isso tudo, tenta se fazer cabeça. Então lê, desentende, confunde e tenta se fazer entender.
No momento faz faculdade de Serviço Social, mas gostaria de também estar lendo partituras e sujando as mãos de grafite, tinta ou lama (e através desses estar chorando, se alegrando, se arrepiando, se orgulhando, brisando, narcisando, questionando, envergonhando-se e satisfazendo-se).

Dizem ser arrogante. A tentativa do não-ser deve não valer.
Mas se valer, também vale conhecer...

E então, bem-vindo!
(01 de agosto de 2010)