segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Jogo de ilusão (ou anonimamente)

Ela vem, assim, como quem não quer nada.
Dum espaço inexistente, dum passado vazio. Ela me vê, enquanto eu não a vejo. Me olha, lê, vê os cantinhos, cada espaçinho discreto, cuidadoso.
Digo assim, se pode me ouvir:
O tempo teu não é o tempo meu.
Não sei se você está aqui faz tempo, se já passou ao meu lado, se já caminhou ou sorriu comigo.

De você, eu não sei - nem de mim eu sei -, e não sei se quero mesmo saber.


O mistério é mágico. É jaula que me prende sem barras.

E então ela é quem não é. Está onde não se pode estar.
Ao menor sinal do encontro dos nossos olhares, da ligação que se faz, da resposta da sensação
Ela vai... Quase que num jogo de charmes, ou poder.
Digo assim, se pode me ouvir:

Reine sobre mim

Eu não quero ouvir o seu tchau.
Por favor, fique mais um pouco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Labirintos


"Ela vem, ela vai
como quem procura
a própria alma
pelas ruas passadas
com pés indiferentes

Ela vai, ela vem
as paredes nuas
beiradas por calçadas,
parapeitos altos
e olho nas sacadas
vão e veem

Depois da chuva,
lua

asfalto molhado
e mercúrio
se misturam
nesse céu virado chão
e já não se sabe
o que está indo
ou vindo

Depois que o sol se pôs,
haveria de ter algo além...
e a noite chegou

As luzes então, são rios
desaguando na cidade
onde todo mar
é o desejo de ter algo além
Lumes vêm, lumes vão
e já não se sabe
o que está indo ou vindo

Ela joga rosas
azuis e corais
nessa água,
joga suas próprias cinzas
no mar
de uma felicidade
que já não se sabe
se está indo ou vindo."

César Magalhães Borges