domingo, 26 de fevereiro de 2012

Conto não.


Pra quem se apaixona assim, tão fácil, tão rotineiramente, tantas vezes por dia, a simples idéia de um "dia seguinte", encontro seguinte, beijo, algo novo, um outro dia qualquer, me espanta. Confesso.
Não sei necessariamente se me espanta, ou se me causa ânsia. Aquele mal estar pós-balada. Pós beijo, pós apalpadas, pós gozo.
E eu sei. Isso chama ressaca. Não quero, no entanto, chamar de ressaca o que sinto ao pensar num "dia seguinte". Como algo que foi bom, durou o tanto que tinha que durar, mas no fim não me deixa comer ou sair no sol sem fazer cara de poucos amigos...

Olha, eu não sou boa com essas reflexões que no fim vão dar em algo completamente lógico e extraordinário, em que todos que passaram por ela dirão, à ultima linha "puxa!" ou qualquer outra interjeição do tipo. Sou enrolada, paspalhona, e não me atenho a detalhes.
Pelo menos não a detalhes de palavras ou idéias. Quer dizer, você pode dizer que sim. Mas eu vou dizer que não. Pode ser que faça parte do meu charme. Isto é; se um dia alguém, por um acaso, me perguntar: "E aí, qualé a tua?" eu posso dizer, mesmo que não-tão-honestamente, que o meu charme é ser simples e descomplicada, daquelas que deixa quase tudo passar assim, de boa na lagoa.
Suave na nave.

Eu acho que sou mesmo. Leviana, passageira nesse busão cheio do meio-dia que é a vida.
Eu gosto dos hojes. Como diz a rainha branca ao oferecer geléia a Alice: Dia sim, dia não. Ontem sim, hoje não. Se é que dá pra me entender. Também não me acho muito boa com analogias...
Quer dizer, eu as adoro. Uso a todo o tempo, e ligo lagartixa com morte do avô. Tudo explica tudo, só precisamos pensar bem sobre as situações.
Mas lembrei que o que eu dizia não tinha nada a ver com lagartixas ou meu avô morto. Era uma confissão. Um tanto óbvia, mas uma confissão - tipo esses textos de colunistas ou escritores de contos que gostam sempre de falar de amores, cafés e cigarros em noites trovejantes e névoa cinzenta, mesmo que estejamos no Brasil, sem paixões, de café mediano (porque o bom mesmo é pra exportação) e o cigarro esteja custando o olho da cara, mais do que eu posso pagar com essa minha pinta de universitária boêmia.
Assim como eu, imagino que  todos tenham dado a primeira tragada nessa fumaça abençoada inspirados pela beleza surreal e criativa que têm os fumantes-referência dessas nossas vidas patéticas.

Fora os escritores de meia-tigela, as universitárias boêmias sem charme e o café mediano, eu queria não parecer tão anormal ou precisar explicar-me toda vez que eu digo para alguém que acho de segundos encontros, nem quando confesso que sou apaixonada por ele - e ele se assusta achando que quero casar e viver junto para todo o sempre, barriguda e abandonando os hábitos higiênicos.

Ah! e outra coisa. Já que estamos nessa de confissões; Eu também não sei terminar raciocínios. Lembra que eu falei das reflexões que não sei fazer? Então. Dentre os motivos dessa minha incapacidade, está a inabilidade em botar pontos finais.
Bem diferente das minhas paixões.

5 comentários:

Thaís disse...

Ah, me doí! hahaha

FlapLop disse...

hahahah

Anônimo disse...

Não quero parecer, enganar. Não quero ser. Mas é que sempre que vejo o meu reflexo nos seus olhos,

vejo Você.

Anônimo disse...

Espero que não emerja nada de triste quando lê o que escrevo. É que não quero conter o que sinto, o que enxergo... Mas parece que sempre que digo posso parecer outra pessoa. Posso ser quem quiser. E posso. E é verdade. Mas que seja alguém que não existe. E só exista a partir de enquanto, quando você acreditar.

Me desculpe. Não quero que te faça mal. E sei que o único cuidado só pode ser em distância. Talvez jamais pudéssemos nos encontrar se me soubesse, o meu nome, o meu rosto. E sei que pode acontecer. E que talvez parássemos uma de frente pra outra, vazias. É só o que tenho. É só, o que não posso ter.

Anônimo disse...

Tchau.