Estou
fazendo planos para ir embora. Converso com a flor que nos recebeu e nos
permitiu enlaçar-nos junto a ela. Ela está para se dar um tempo com seu esposo,
homem-macho-protetor-de-familia-"honra-e-tradição". É primo do
afamado "gatinho" dela.
Antes,
ela iria comigo à cidade onde pegarei o avião e onde o casal por se desfazer da
flor com o macho moram.
Agora,
pergunto a ela se ela está decidida de alguma coisa. Comprei minha passagem e
estou a combinar o transporte entre as cidades. Quero saber se a incluo. Ela me
olha com aqueles olhos odiosos - ou odiáveis, já não sei se o que olho, somente
vejo porque olho - sem vida, que só podem ser expressos nela. N'outra pessoa
indicaria, mesmo, um desfalecimento total, mas nela, é apenas característica de
sua natureza enfadonha, fastidiosa.
Então
ela me direciona aqueles olhos funestos e me responde, depois de um longo
silêncio, "por quê?", e esse teatro todo birrento me dá nos nervos
mesmo e eu entendo aqueles ex namorados e ex amigos cujos fins de
relacionamento com ela, ela me disse, aconteceram com destribeirados ansiosos por violência,
dizendo-lhe que era louca e outros adjetivos similares.
Eu
olho-a pelo seu reflexo na janela enquanto lavo a louça. Não sei se é uma
premonição ou somente o meu desejo se realizando numa realidade refletida, mas
vejo-me pegando seu prato recém-servido de comida - comida que eu fiz e bom
grado sendo comida por quem está de mal-grado para comigo - e arremessando-lhe
na parede, esparramando-se estridentemente, atirando pequenos cacos mortais pelo
cômodo inteiro. Deixando-a com um sem número de emoções.
Morta.
É isso que ela é. Como um casulo lindo de borboleta, mas vazio. Ela é tão
bonita que é feia, terrivelmente feia. E, diferente do conto de branca de neve
ou bela adormecida, não há amor que traga-lhe de volta a vida.
É
como uma caixa de Pandora, que carrega um buraco-negro; ela me permite que
abra-a e veja o que dentro contém. E pode ser que eu veja nada. Mas depois de
aberta a caixa, não se pode evitar que o buraco-negro passe a engolir, consumir,
destruir tudo a sua volta. A começar por mim.
Eu não quero ser destruída. Mal me construí!
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