IV.
Estou num tipo de hotel ou shopping. Há muitos consumidores circulando pelos
ambientes. Homens muitos homens, claro, maiores e mais fortes e mais
imponentes.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Cartas Lânguidas III
III.
Fui convidada por um amigo para um feriado de junho em São Tomé das Letras.
Disse-me que levasse uma amiga. Os meninos são assim, aparentemente; planejam
monogamias para sempre, sonhando com orgias. Penso dentre as amigas e percebo
que não são muitas as que topariam uma viagem de supetão com dois homens que
não conhece, passar dias na casa de um deles com mais não-sei-quantos outros
desconhecidos, amigos do amigo do amigo da amiga que a convida. Na verdade, a
fim de registro, são duas, sendo uma delas a amiga da amiga que ia que, tendo
sabido da peleja, disse que queria ir também.
Lá,
o combinadinho
dois-casaizinhos-para-que-todos-os-meninos-se-satisfaçam-com-o-que-é-para-cada-um
é atingido; ela e o amigo do meu amigo se apaixonam e vivem seu caso. Seu.
Eu
vivo, além do meu, minha. Minha vontade de fazer isso ou aquilo. De beber
aquela cachaça curtida com cogumelos, mais aquele conhaque com mel, fumar
aquele baseado, e aquele outro, e aquela cachaça de novo e fazer malabares com
aqueles facões e socar aquele cara.
Ela
quer aquele que "é meu", pela lógica que não nos empenhamos em
questionar. Eu a incentivo, digo-lhe sobre as coisas que gosto e que penso que
ela gostaria.
Por
algum motivo - entre a falta de oportunidade, coragem de abraçá-la, e o
desgostar de seu casinho -, ela não satisfaz seu desejo.
Somos
duas unidades diferentes.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Cartas Lânguidas II
II.
"Conhece-te a ti mesmo, que eu me conheço bem; sou um qualquer vulgar,
bem, às vezes me esqueço".
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Cartas Lânguidas I
I.
Encaro uma flor desenhada azul dentro de um ojo de díos. A água escorre do fim
da chuva. A louça na pia se acumula. Sobre o fogão, um doce amargo supostamente
sabor prestígio repousa, intacto. Outrora, teria sido devorado. Hoje, o que
devora é azia. E apatia.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
saudade em viagem
Em 25/04 estava eu e minha fatídica companheira em Bodoquena, MS.
Escrevera acerca da saudade que me afligia.
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Escrevera acerca da saudade que me afligia.
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quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Sobre o sofrimento e a confusão
Havia cinco anos, quase, que pertencíamos ao desejo um do outro. Mais do que isso, habitávamos nossas mentes e consumíamos nossos corpos.
Eu construía uma casa para nós.
E você ateava fogo nela, se esfriava e eu, somente só, podia perceber que tudo queimava e tu gelava, quando nada mais podia fazer, a não ser colocar-me casa afora e assisti-la ruir.
Não podia assisti-lo, porém.
Quando esfriava o fogo que alimentava a sustentação de nossa morada, era para erguer seu forte gelado com outros calores, outras temperaturas. Erguia aos cubos de gelo teu frágil castelo, e me dizia: afasta-te, pois teu fogo destruirá meu novo castelo de gelo. Obrigava-me a passar, como rajada.
Se sou fogo, és outono. Sempre chacoalhando folhas, secando árvores (corpos), soprando forte, acometendo a tudo, indiscriminada e discretamente. O outono, no entanto, é apenas abertura. Uma hora há de acabar. Não tem mais o que secar. E torna a esquentar. O degelo chega.
Quando teus castelos fatal e impreterivelmente ruíam, você buscava o calor novamente. Como que uma figurinha passiva, uma folha que só pode cair, no outono. Te acolhi, tantas vezes, chamuscando em ilusão. Construí novas moradas uma, duas, três vezes.
Como uma criança em loja de brinquedos, você quis tudo. É uma pena que quem não se compromete com nada, também não tem nada.
Doeu sentir o frio dentro dos meus ossos. Dar aqueles três passos para fora daquele casebre que se tornara nós. Com os pés na lama ao redor dele. Afundando e querendo retornar.
Olhei para trás e já não havia mais porta para entrar. É claro, você nunca quis cuidar da nossa casa. O outono vira inverno, sem aquele familiar calorzinho. Sem o mormaço marrom.
Sabe quando você encara a chama ardendo e pode enxergar formas e figuras se criando e morrendo rapidamente, naqueles movimentos?
A gente era aquela ilusão. Passageira e recorrente. Doeu tentar agarrá-la. E eu chamei de amor. Quando parei, confundi tudo, e não-dor foi (pareceu) tortura. Nunca mais arder tentando agarrá-lo e perdê-lo (nunca tê-lo).
A casa ruída e tu ausente. Impossível. A real é que não estava lá. O outono é ilusão para o calor. Adeus, confusão.
(dos estágios do luto, estou na fúria)
Eu construía uma casa para nós.
E você ateava fogo nela, se esfriava e eu, somente só, podia perceber que tudo queimava e tu gelava, quando nada mais podia fazer, a não ser colocar-me casa afora e assisti-la ruir.
Não podia assisti-lo, porém.
Quando esfriava o fogo que alimentava a sustentação de nossa morada, era para erguer seu forte gelado com outros calores, outras temperaturas. Erguia aos cubos de gelo teu frágil castelo, e me dizia: afasta-te, pois teu fogo destruirá meu novo castelo de gelo. Obrigava-me a passar, como rajada.
Se sou fogo, és outono. Sempre chacoalhando folhas, secando árvores (corpos), soprando forte, acometendo a tudo, indiscriminada e discretamente. O outono, no entanto, é apenas abertura. Uma hora há de acabar. Não tem mais o que secar. E torna a esquentar. O degelo chega.
Quando teus castelos fatal e impreterivelmente ruíam, você buscava o calor novamente. Como que uma figurinha passiva, uma folha que só pode cair, no outono. Te acolhi, tantas vezes, chamuscando em ilusão. Construí novas moradas uma, duas, três vezes.
Como uma criança em loja de brinquedos, você quis tudo. É uma pena que quem não se compromete com nada, também não tem nada.
Doeu sentir o frio dentro dos meus ossos. Dar aqueles três passos para fora daquele casebre que se tornara nós. Com os pés na lama ao redor dele. Afundando e querendo retornar.
Olhei para trás e já não havia mais porta para entrar. É claro, você nunca quis cuidar da nossa casa. O outono vira inverno, sem aquele familiar calorzinho. Sem o mormaço marrom.
Sabe quando você encara a chama ardendo e pode enxergar formas e figuras se criando e morrendo rapidamente, naqueles movimentos?
A gente era aquela ilusão. Passageira e recorrente. Doeu tentar agarrá-la. E eu chamei de amor. Quando parei, confundi tudo, e não-dor foi (pareceu) tortura. Nunca mais arder tentando agarrá-lo e perdê-lo (nunca tê-lo).
A casa ruída e tu ausente. Impossível. A real é que não estava lá. O outono é ilusão para o calor. Adeus, confusão.
(dos estágios do luto, estou na fúria)
Prelúdio
Comecei um projeto, quando em viagem. Chama-se "cartas lânguidas", até segundo aviso. É sobre a companhia. Sobre o olhar. Sobre o afeto.
Especificamente para (e) com uma determinada companhia na minha vida que hoje já se afastara. Toda intimidade está fadada a ser expurgada, quando falamos de mim.
Esta havia sido a primeira vez que me propusera a escrever-lhe. Nunca entregara. Fizera um pôster que acabou se tornando assustador demais, associado ao texto. Pintei de preto o texto, e pendurei o desenho na minha parede.
Toco o projeto lentamente.
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