Eu quero um pedaço seu pra chamar de meu. É, eu sei, egoísta e desprezível. Não o quero todo. Saiba que acho-o muito grande e desajeitado para eu carregar para lá e cá todo o tempo. (Você sabe, o que é meu é o que está comigo, o resto não passa de "momentâneo e efêmero", nada mais que eu ou você, como já disse [em] outros tempos)
Egoistamente e desprezivelmente, ainda (te) quero (n)um pedaço, (n)uma coisinha. Uma palavra, um carinho, um chêro ou um olhar. Uma unha, um pêlo ou quem sabe uma gota antes líquida secando num papel velho e amassado. Ainda que nada dessas coisas sejam minhas preferidas de você, quero algo teu pra chamar de meu.
Quero, para fazer esse coração peludo amansar um pouco, deixar-se esquentar levemente e quem sabe não doer tanto quando bate.
(Especialmente quando pula um pulso.)
Quero perder um pouco a noção do que é eu ou você, ou qualquer outra coisa que resta, momentânea e efêmera. E realmente acredito que um teco ou resto de gente pode fazer isso por mim, ou para mim.
Quero tornar um pedaço seu, meu, e devolvê-lo. Assim saberei que você me carregará junto a ti, mesmo quando passível do teu esquecimento.
Um comentário:
Quero algo teu pra que eu possa lembrar do 'nosso'. Há tanto tempo que só tenho o 'meu', de mim mesma.
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