quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Uma Noite de Verão

Sua mão segura meu pescoço.
Sinto minhas mãos perderem fluxo sanguíneo e os dedos formigarem, ao passo que tento mexê-las, acima de minha cabeça.

Quando as costas começam a suar, do colchão quente que roça ritimado, troca-se. Giro meus pulsos rapidamente enquanto uma voz brinca dizendo "inversão de jiu-jistu", e eu perco a noção do real, da localização do chão, do teto e de nós mesmos. Não senti o sangue voltar a fluir por tempo suficiente, mas preciso usar de certa força com eles que rapidamente me esqueço do formigamento.
Não ligo, e aceito minha tarefa com um suspiro revigorante.

Olho para um torso que não reconheço, ou mesmo imaginei olhar daquele ângulo. Passo as unhas para checar se é real, pois, àquele estágio, aquilo poderia não passar de um forte delírio, enquanto esta que vos fala está jogada em algum canto de um clube quente, com os olhos fechados e um sorriso de canto de boca.

A memória criou uma espécie de Frankenstein de uma noite muito longa e louca para guardar detalhes. Como uma única louca transa, vejo-me transitando magicamente de um cômodo para outro, de um ângulo de visão para outro completamente diferente, até oposto. Quase tão rápido ou sem sentido que poderia piscar e rapidamente me assustar de não vê-lo à minha frente, sentindo um corpo ou um calor que, por alguns instantes faz sentir aquele frio subindo a espinha, até reconhecer como o mesmo corpo e o mesmo toque que fazia minha voz saltar em êxtase, esforçando-se com pouco sucesso para ser silenciosa.

Tamanha surpresa ao descobrir que muito daquilo era resposta ao movimento e gozo, e não daquele jeito natural, irracional. A força, a pele sendo marcada em círculo, com cinco pequenas pontas avermelhadas, os cabelos como corda, puxados para o encontro das bocas, ainda que este atrasado pelo leve gemido incontrolável, novamente. Tamanha surpresa ao ouvi-lo dizer que aquilo era tudo novo, e ele aprendera a curtir. Mal sabia ele que, para primeira vez, fez delirar por uma noite inteira. Para primeira vez, atuou ou aprendeu tão bem que fez se preocupar somente consigo mesma.

[...]

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