Outro devaneio. Sobre outro amigo. Ou melhor, não-amigo.
Esta tua sobriedade, à mesa do bar, após partilhar do mesmo copo de cachaça que eu, me acertou mais do que a própria cachaça, ou todas as outras da noite, que também durou tanto.
Ainda com bafo quente do gole seco que te vi dar, ouvi navalhas ardentes saírem de tua boca e acertarem não o peito, mas os ouvidos e a cabeça. Com a cabeça atingida, sangrando e procurando sentido, não pude sentir mais nada além da angústia e a vontade de suplicar.
A não-amizade já era conhecida, e o caminho pra trilhar para algo diferente não era claro. Tanto não era, que errei. Tanto que não enxergamos e você, sobriamente, pragmático como o esperado, fechou os olhos e bloqueou a passagem para a frente.
Vi que foi fácil encontrar outro caminho.
Essa tua sobriedade, quase frieza, caiu dolorosa ao colo daquela que bebeu lágrimas salgadas ao tentar encontrar teu calor novamente.
E essa tua sobriedade causará a loucura não-justificada da que não busca mais tua não-amizade.
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