domingo, 18 de março de 2012

Carta ao Organizador

Um negocinho ruinzinho aí...


Eu, que em mim mesma, desexisto.
Desexisto por, exatamente, existir. Existo por contrapôr-me. Compôr-me e descompôr-me...

Disseram-me que você, em toda sua magnitude e opulência, seria autor do meu conserto. E quase que numa dialética-hegeliana-astrológica-planetária-terrena-imaginária, eu me faço e me desfaço à sua frente. Você vê? Eu sei que vê. Como poderia não ver-me ir e vir, existir e desexistir, se eu vejo-o olhar para minhas partes, meus pedaços des(cons)truídos e des(cons)truidores de si mesmo, de mim mesma caírem e se reerguerem?
Dizem-me que eu estou quebrada e que você quer me consertar. Digo-lhe que não posso ser consertada, uma vez que já estou quebrando. Já estou consertada.
Já estou quebrando.

Eu, que em mim mesma des-existo, não preciso de conserto. Sinfonicamente, me mantenho concerto. Toco e pauso, sôo e ressôo. Peço um poco maestoso, torno allegro e silencio com fermatta. Arranjo e desarranjo. Arpejo e solfejo. Aqui e lá, em todo lugar, no extra-físico.
Por favor, Organizador; Olhe-me novamente, senhor. Você consegue me consertar?

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