sexta-feira, 29 de julho de 2011

Como um cão...

Como quem espera uma bateria acabar para determinar o seu fim, a vida segue sem controle.
Como se pudesse ter controle algum.
A esperar, e esperar, e esperar. Que outras baterias se acabem, que outras mãos apertem botões, que outras máquinas façam escolhas. Esperar e esperar.
A vida segue como um começar e nunca acabar. Acabar as baterias, trocar de mãos, seguir escolhas. Alheias. Alheio. Nunca acabar. Nunca acabar.


Lembrar-me (não, ser lembrado. Pelas bocas de outros, pelas mentes alheias) de quando a fala tinha de ser corrida, pois as mentes alheias determinavam o tempo de dedicação à escuta. E a boca corre para não acabar o tempo, e sim, acabar antes do tempo.

Uma fábula se acaba, sem esperar que eu ou outra máquina vá determinar seu tempo. Uma fábula tem seu tempo; sem correr, sem quebrar, sem reticências.
Uma fábula se acaba, do jeito que se esperava acabar.
Como se uma fábula tivesse tomado a decisão de ser o que é e de se acabar quando se deve acabar.

E as máquinas esperam o quanto devem esperar, e as mãos escolhem o que devem escolher, e tudo segue, em detrimento da fábula que se determinou, e não esperou, alheia.

Mas a vida não é uma fábula.
(Eu queria ser uma fábula)

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